segunda-feira, 5 de julho de 2010

Juventude vs Criatividade.

Esses dias eu estava pensando e lembrando os tempos de infância, ao mesmo tempo, comparando o que eu passei entre o que “qualquer” adolescente passa hoje. Percebi que as coisas mudam mesmo (ó... não diga?) mesmo se for para pior. Antigamente (quando eu era mais alegre), quando tinha uns 12 anos eu saia à rua pra jogar futebol (detalhe: rua de paralelepípedo) com meus amigos, voltava pra casa sem o “tampão” do dedão e no outro dia estava de volta jogando, como goleiro, por que não conseguia chutar. Hoje em dia, um garoto de 12 anos sai pra “dar ideia” nas menininhas ou ouvir (e mostrar que tem) funk no celular. Fico indignado com essas coisas (o que me incomoda é só o funk). Quando eu tiver um filho (SE eu tiver um filho) e ele vier chorando pra mim que estourou o dedão jogando bola na rua, vou comemorar: “Isso garoto, mostra que você é homem, agora estoura o outro!”.
Eu e meus colegas da rua corríamos pros ferros-velhos e compravamos rolimãs, depois roubavamos madeiras de andaimes pra montar carrinhos e descer as ladeiras perto de casa, no fim, voltava-mos todos ralados dos “capotes” e além dos dedos das mãos arrebentados. Agora, pergunta pra algum pré-adolescente se ele sabe montar um carrinho de rolimã? Talvez nem saiba o que é! Porra, eu ia pra praça da minha cidade (Poá, já disse que não sou caipira!) pra correr e rodar pião, jogar bolinhas de gude (isso na verdade nunca gostei), bater e trocar figurinhas... Enfim, essas brincadeiras que hoje em dia são trocadas por tecnologia (também sou fã, mas estou na minha época). Comecei trabalhar com 12 anos por que meu pai meio que “obrigou” (obrigado pai) mesmo assim não perdia a vivência com meus amigos e as brincadeiras que aprontavamos, como: Jogar taco e estourar uma janela de um vizinho (no fim perdiamos as bolinhas), ou também jogar bola no portão de “um qualquer” (qualquer não por que usavamos bem o portão) e deixar cair dentro da casa de um vizinho (no vizinho que sabemos que iria furar a bola), brincar de guerra de água com bexigas na época de calor (adorava molhar as pessoas desconhecidas) e etc. Isso tudo que hoje é esquecido (lembrado pelos anciões da época) não existe na cabeça dessas pequenas pessoas e digo mais, isso tudo vem das escolas (pelo menos a maioria da aprendizagem), das educações que passam. Digo isso por que um dia desses fui à escola onde estudei da 3ª série até a 8ª e vi que mudou muita coisa (menos uma professora velhinha que eu enchia o saco) como mesmo a horta que eu e uns amigos cuidávamos (NÃO SOU CAIPIRA) e que agora não existe mais. Ainda dei a sorte de ir à hora no intervalo e foi aí que percebi que a juventude não é a mesma de antes. Uma por que poucos comiam a merenda das tias (absurdo!), outra que eles não brincavam de pega-pega (até brincavam, mas era com malícia). O que é um intervalo sem aquela correria? Sem os capotes? E sem guerra de maçãs (isso eu acho que ainda existe)? São coisas que gerações futuras não vão entender nunca.
Lembrei agora uma vez que estavamos brincando de esconde-esconde na rua de casa. Passavamos horas e horas correndo e inventando novos esconderijos na própria rua. Engraçado até que a criatividade era tão grande que uma vez começamos a brincar (mais de dez pessoas), era vez do Catito (conhecido como Tito) “bater-cara” (nome que usava-mos para aquele que iria procurar as outras pessoas). Todos se esconderam nos seus respectivos esconderijos (todos improvisados) e depois da contagem lá ia o Tito procurar (ele sempre batia cara por que era o que menos corria) a galera. Achou um... dois, três e assim até o penúltimo. Faltava o Wilson (conhecido como B1 por causa do seu irmão gêmeo que por sinal é conhecido como B2 referente aos “Bananas de Pijamas”). Lá vai o Tito procurando de cá, procurando de lá e nada de B1. Passou uns 20 minutos, estavamos todos sentados pensando já que ele tinha sido sequestrado (ou perdido). – Desisto! – Exclamava Tito com sua língua presa. Pensamos: Já que ele não apareceu mais vamos começar outra rodada. Quando íamos começar, logo do outro lado da rua (que não era grande) ouvimos um: “E eu porra?!” Não encontramos a origem da voz. Foi aí que depois de vários gritos encontramos o rapaz. Ele estava no orelhão fingindo estar ligando. O único detalhe diferente era a camiseta que ele tinha tirado. Pergunto-me: Será que a juventude de hoje tem certa criatividade? Até por que se eles brincam de esconde-esconde só se for esconderijos onde caibam duas pessoas (de preferência de sexo opostos).

Revisão: Aline Nascimento.

3 comentários:

  1. MUITO BOA SUAS RECORDAÇÕES...
    AGRADEÇO POR FAZER PARTE DESSA GERAÇÃO !!!

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  2. Lindo texto!
    Me fez lembrar da advertencia que levei por escalar um barranco que tinha na escola, (não sou caipira também, rsrs)
    Realmente as coisas mudaram muito!

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  3. Valeu por creditar a revisão, mas devo adiantar que tem sido um prazer! Beijo!

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